Diet, light ou zero? Entenda as diferenças entre os alimentos e descubra para que servem

Para que cada um é indicado? Qual é melhor opção para a sua alimentação? Nutricionistas afirmam que o segredo é descascar mais e desembalar menos

Diet, light ou zero? Qual a diferença entre esses alimentos? E eles ajudam mesmo a emagrecer de forma saudável? Dados mais recentes do Ministério da Saúde, divulgados no ano passado, apontam que 22% da população brasileira é obesa. Além disso, o brasileiro consome uma média de 80 gramas de açúcar por dia, quase o dobro da recomendação da Organização Mundial da Saúde, de no máximo de 50 gramas diários. Por outro lado, um número cada vez maior de brasileiros está em busca de mudar os hábitos e buscar uma alimentação mais saudável: oito em cada dez, segundo levantamento realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) em 2018. O objetivo pode ser saúde ou, em muitos casos, emagrecer. Com isso, é natural que muitas pessoas optem por dietas com alimentos nas versões diet, light e zero, já que esses costumam apresentar redução de gorduras e de outros ingredientes, como açúcar e sal.

O chocolate diet é isento de açúcar, mas muitas vezes tem mais gordura do que a versão normal – Foto IStock Getty Images

No entanto, para definir a melhor escolha, é preciso estar atento às características de cada produto. As nutricionistas Aline Quissak e Jéssica Giannini explicam que os alimentos diet e zero são isentos de algum ingrediente, como açúcar, gordura e sal, ao passo que as mercadorias light contam com redução de no mínimo 25% de determinado composto. O zero, normalmente, não tem valor nutricional algum. O segredo, segundo elas, é usar menos açúcar e menos adoçante e apostar em cozinhar em casa, para evitar aditivos indesejados dos alimentos processados e ultraprocessados.

– O alimento diet não contém determinado ingrediente, sendo o açúcar o mais comum. O light tem 25% ou mais de retirada de um ingrediente comparado ao tradicional, geralmente gordura. Já o alimento zero, assim como o diet, não possui algum ingrediente, geralmente açúcar, mas, para além disso, tem zero calorias ou algo muito próximo disso – diz Quissak.

O problema é que, muitas vezes, a redução ou ausência de um componente implica no aumento da quantidade de outros, o que pode fazer o tiro sair pela culatra.

– Se a pessoa só pensa em calorias, ela acaba ingerindo alimentos com excesso de aditivos. O corpo dela inflama e o metabolismo fica lento, por isso muita gente que come alimento diet, light e zero continua engordando, por conta da inflamação. E porque o alimento às veze não tem açúcar, mas tem até mais calorias do que o normal. É sempre bom olhar o rótulo dos produtos para ver se não tem corante e conservante, porque é preciso ter qualidade no que comemos, não é só a questão da caloria – diz Aline.

Versões light de queijos, com redução de 25% ou mais de gorduras são comuns – Foto: IStock – Getty Images
  • Diet – alimento com isenção de açúcar ou outro ingrediente. É necessário avaliar em que o alimento se apresenta como diet: diet em açúcar tem adoçante; diet em gordura não tem nenhuma gordura. No entanto, na maior parte das vezes é preciso fazer uma análise de todos os ingredientes, porque quando se retira um nutriente, eleva-se muito a quantidade de outros para compensar o sabor. Por exemplo, chocolates e sorvetes diet em açúcar costumam ter mais gordura do que os normais, para o sabor e a maciez do produto ser mantida. Com isso, são ainda mais calóricos e inadequados para dietas de emagrecimento. No entanto, podem ser indicados para diabéticos, que possuem dietas com restrição de açúcar. Alimentos mais comumente encontrados na versão diet: refrigerantes, biscoitos, chocolates, sorvetes e doces em geral.
  • Light – Tem redução de pelo menos 25% de um ou mais ingredientes, normalmente de gorduras. Alimentos mais comuns na versão light: laticínios como queijos, requeijões e iogurtes.
  • Zero – O zero normalmente é voltado para calorias. Um produto zero tem isenção de algum nutriente, assim como o diet, geralmente açúcar. Mas para além disso, ele deve ser sem calorias. Por isso, o zero normalmente não tem também, além do açúcar, gorduras ou proteínas. Não tem valor nutricional algum. Produto mais comum de ser encontrado na versão zero: refrigerante.
O refrigerante zero não tem valor calórico ou nutricional – Foto: IStock – Getty Images

Então produtos diet e zero são quase a mesma coisa?

Apesar de produtos diet e zero possuírem características semelhantes, com a ausência total de certos ingredientes, o segundo é mais voltado para a redução calórica.

– Até quatro calorias, conconsidera-se um produto zero. Então uma Coca-Cola zero, por exemplo, é um alimento de caloria vazia. Não tem nutrientes e é composto por aditivos químicos – explica Aline, contando que ele surgiu como uma alternativa para diabéticos. – Mas isso não significa que é saudável.

Para quem é indicado cada tipo de alimento?

Conforme explicação da nutricionista Jéssica Giannini, os alimentos diet e zero são utilizados por diabéticos, hipertensos e portadores de dislipidemias.

– Eles foram desenvolvidos para atender necessidades de portadores de algumas doenças específicas – ensina.

As mercadorias light, por sua vez, são voltadas aos indivíduos que seguem dietas com restrição de calorias, e, por isso, costumam ser ideais em programas de emagrecimento.

– Os produtos light usualmente são utilizados por pessoas que estão em dietas com restrição calórica ou com a necessidade de reduzir a ingestão de algum ingrediente específico – observa Giannini.

Por ter uma redução de gorduras normalmente sem acréscimo de outros ingredientes para compensar, os alimentos light costumam ser os mais indicados em dietas de emagrecimento.

– No light, você tira um pouco de uma coisa, mas nem sempre acrescenta outra. Tira a gordura, mas não adiciona química. Por isso muitas vezes é o mais indicado em um programa de emagrecimento. O diet não tem açúcar, por exemplo, mas o açúcar não tem só a função de adoçar. É preciso colocar mais gordura no chocolate diet para manter a textura. Por isso, o ideal é sempre analisar as calorias totais do alimento – avisa Quissak, reforçando a necessidade de estar atento aos rótulos.

Mas nem mesmo os light escapam sempre, como conta Jéssica Giannini.

– Quando um ingrediente é retirado, geralmente é compensado com outro que pode ou não ser saudável. Um exemplo são alguns produtos light que possuem menos gordura, mas extrapolam na quantidade de sódio, o que em longo prazo pode levar ao aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis – alerta a nutricionista.

Pacientes diabéticos geralmente são instruídos a consumir alimentos diet ou zero – Foto: Getty Images

Diet e zero são mesmo as opções ideais para diabéticos?

Assim como todos os produtos, esses tipos de alimentos possuem prós e contras. Segundo a nutricionista Aline Quissak, o principal ponto positivo de diet é a falta de ingredientes específicos que façam mal aos diabéticos, o do zero é a ausência de calorias e o do light é a pouca quantidade de gorduras. Mas, na direção contrária do senso comum a nutricionista ressalta que produtos diet e zero não são necessariamente os ideais para pacientes com diabetes, uma vez que adoçantes artificiais podem ser encontrados na composição. Segundo Aline, eles são capazes de causar uma confusão metabólica no organismo, já que o corpo ainda reconhece o sabor doce do alimento. Além disso, há estudos que ligam o consumo de adoçantes artificiais a doenças como câncer. Por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estabeleceram limites para a ingestão diária de adoçantes artificiais. O problema é que eles estão presentes em vários alimentos ultraprocessados sem discriminação de quantidades.

– Os adoçantes se dividem entre os naturais (stevia, xylitol, eritritol e taumatina) e os artificiais (aspartame, sucralose e acessulfame). Os artificiais são moléculas químicas que não são entendidas pelo nosso corpo, causando uma “confusão metabólica”. O corpo continua a entender que o sabor doce do adoçante é um estímulo para aumentar a insulina no organismo, uma consequência que não queremos que aconteça em um paciente diabético. Já os naturais não têm esse efeito e não são químicos capazes de aumentar o risco de câncer – afirma.

Café com adoçante artificial: o excesso do produto pode elevar o risco de vários tipos de câncer – Foto: Getty Images

Embora os naturais tenham menos contraindicações, Quissak conta que o uso constante de qualquer adoçante pode aumentar a vontade por doces.

– Os adoçantes, naturais ou artificiais, são ácidos para os probióticos, bactérias do bem no nosso intestino. Elas são responsáveis por auxiliar a absorção de cálcio, ferro, por produzir serotonina, hormônio do bem-estar e também pelo hormônio de vontade de doces. Se os adoçantes são usados na rotina, eles matam as bactérias do bem e a nossa vontade por doces aumenta. Além disso, um doce para o diabético (zero açúcar e com adoçante) normalmente tem mais gordura, mais corantes e conservantes – alerta. – A qualidade do alimento importa mais do que ter ou não algum ingrediente considerado vilão, como o açúcar. A diabetes é uma doença e precisa ser acompanhada por nutricionistas para ajustes individuais, não basta apenas comprar produtos diet.

Bolo de nozes adoçado pela frutose natural de tâmaras – Foto: IStock Getty Images

Descascar mais, desembalar menos

Como se vê, ao contrário do muita gente acredita, produtos diet, light e zero nem sempre são saudáveis. De acordo com Jéssica Gianinni, é necessário avaliar se vale a pena trocar a versão convencional, com base nos ingredientes os alimentos. Além disso, o ideal é optar por mercadorias não industrializadas. Cozinhar mais, consumir menos alimentos processados e, principalmente, ultraprocessados.

– É importante analisar a lista de ingredientes e verificar se realmente vale a pena trocar a versão convencional. E sempre ficar atento às quantidades. Uma alimentação saudável não deve ser baseada no consumo de industrializados. O novo Guia Alimentar da População Brasileira, publicado pelo Ministério da Saúde, atenta para os perigos do consumo exagerado de alimentos industrializados. Então o lema é “descascar mais e desembalar menos” – diz Giannini.

Aline concorda. E afirma que hoje em dia há um conhecimento muito maior de opções de alimentação que evitem os industrializados diet, zero ou light.

– Para controle de caloria e açúcar, podemos adoçar com frutas como a tâmara, a banana e a maçã. Não dá para ficar comendo só tâmara, por exemplo, porque a pessoa também vai ter um pico de glicose. Mas se a fruta for associada à castanha, por exemplo, a fibra e a gordura da noz formam uma espécie de bolha na qual o açúcar fica encapsulado. O organismo não percebe o açúcar e não solta a insulina. Essa sinergia entre frutas e nozes ou castanhas é algo muito interessante e uma das alternativas de nutricionistas quando se pensa em adoçar um alimento sem lançar mão de adoçantes artificiais – afirma.

Fonte: Gabriela Maruyama para o Eu Atleta – São Paulo

 

 

Dr Thiago Volpi
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